O dizer em análise: percorrendo o labirinto
- Selma Bellini
- 16 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de ago.
Falar em análise é a entrada em um labirinto. Muitas são as vezes em que nos encontramos repetindo as mesmas coisas, dando voltas no mesmo "pedaço do labirinto", sem entender muito bem o que está acontecendo. Instala-se um certo desconforto. Por que me repito nisso? O processo faz parte da análise, cabe ao analista oferecer sua escuta para que o analisando possa ouvir em si algo diferente, desvelar e, muitas vezes, dar de cara com uma curva completamente desconhecida do labirinto. A análise também é um processo de desconhecimento: o que achávamos ter como certo não era tão firme assim e isso abre espaço para novos entendimentos. O que se revela na fala mostra o novo e também dá a sensação de que temos em nós muito mais de desconhecido do que de conhecido. Somos feito de mistério e precisamos de um espaço adequado para aceitar e viver isso. É um processo que pode ser poético, porque o que dizemos não é feito de pontos finais, mas de novas aberturas.
Em "A PO-ÉTICA NA CLÍNICA CONTEMPORÂNEA", o psicanalista Gilberto Safra cita esse processo de forma muito bonita: “Refiro-me ao dizer como a possibilidade de o ser humano, por meio da fala, desvelar quem é e o que vive. O dizer ao revelar também vela. O viver humano não pode ser plenamente dito; entre o dizer e o indizível emerge o falar poético. No fluir da situação clínica testemunha-se o aparecimento da possibilidade desse falar poético, em que a palavra não se fecha, mas se abre para o não dito. A visibilidade é necessária ao ser humano, porém de modo que não se percam o mistério, o segredo, o ser, por um olhar aprisionante e onisciente. Ser encontrado, mas não ser devorado.”
Selma Bellini
Psicóloga
CRP 06-155290
Atendimento Psicológico Adulto

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